As economias da América Latina estão mudando rapidamente. Um desenvolvimento regulatório importante para muitos países da região é o imposto digital, porque ele captura serviços prestados on-line ou eletronicamente.
A OCDE afirma que as economias latino-americanas estão fazendo progressos reais para enfrentar os desafios fiscais decorrentes da digitalização da economia. Essa entidade internacional também espera que novos desenvolvimentos tributários digitais na América Latina proporcionem estabilidade e certeza no sistema tributário internacional.
Gerenciar sua empresa e, ao mesmo tempo, manter-se atento às novas regulamentações é um dos desafios a serem superados ao fazer negócios na América Latina.
Fornecemos uma explicação sobre os desenvolvimentos de impostos digitais em várias economias emergentes e em desenvolvimento na América Latina, para que sua empresa entenda suas obrigações ao oferecer serviços digitais nesses mercados.
Desenvolvimentos de impostos digitais na Argentina
O governo argentino cobrou impostos sobre serviços digitais de acordo com a lei 27.430 e em caráter geral. Essa regulamentação inclui serviços realizados por meio da rede da Internet ou qualquer adaptação ou aplicativos, plataformas ou tecnologia usados pela Internet ou outras redes por meio das quais serviços equivalentes são fornecidos. Por sua natureza, esses serviços são basicamente automatizados e exigem intervenção humana mínima, independentemente do dispositivo usado para seu download, exibição ou uso.
A regulamentação dos serviços digitais na Argentina está em vigor desde 27 de junho de 2018 e a entidade AFIP (Administración Federal de Ingresos Públicos) é responsável por regulamentar esse assunto.
Se você pretende incorporar uma empresa iniciante na Argentina que ofereça serviços digitais, deve entender e cumprir suas obrigações fiscais para essas atividades. As porcentagens de impostos variam de acordo com o serviço on-line prestado.
Normas tributárias digitais brasileiras
O governo brasileiro entende a importância de regulamentar os desenvolvimentos tributários digitais, devido à constante evolução da tecnologia em sua economia. No Brasil, há vários projetos de lei que visam estabelecer um modelo tributário para serviços digitais. Um dos mais importantes é o Projeto de Lei nº 2358/2020, denominado CIDE-Digital, que foi proposto em maio de 2020.
O projeto de lei da CIDE-Digital visa regulamentar a contribuição da intervenção no domínio econômico, estabelecendo alíquotas progressivas para as empresas que desenvolvem as seguintes atividades:
- Veiculação de publicidade em plataformas digitais para usuários localizados no Brasil
- Fornecimento de plataforma digital onde os usuários podem entrar em contato e interagir, com o objetivo de vender bens ou serviços. Um dos elementos desse tipo de plataforma precisa estar localizado no Brasil
- Transmitir dados de usuários localizados no Brasil e coletados durante o uso de uma plataforma digital ou gerados por esses usuários.
Observe que, de acordo com esse projeto de lei, essas alíquotas de imposto só se aplicarão a empresas com receita bruta anual de R$ 3 bilhões em todo o mundo e R$ 100 bilhões no Brasil.
Servicio de Impuestos Internos do Chile
De acordo com a Lei 21.210, que atualiza o sistema tributário no Chile, as empresas estrangeiras que fornecem serviços digitais devem recolher e remeter 19% do imposto sobre valor agregado (IVA) ao SII (Servicio de Impuestos Internos).
O SII habilitou um sistema 100% on-line que permite que os contribuintes se registrem na entidade e cumpram a obrigação fiscal.
Os prestadores de serviços digitais estrangeiros têm a obrigação de declarar o IVA desde 1º de junho de 2020.
Imposto digital na Colômbia com a DIAN
A Colômbia é um dos países líderes em termos de desenvolvimento de impostos digitais na América Latina, estabelecendo que os provedores de serviços digitais devem pagar 19% de IVA sobre os serviços digitais prestados. A lei que permite isso foi publicada em julho de 2018 e sua aplicação começou em janeiro de 2019.
A aplicação de impostos a serviços digitais na Colômbia foi estabelecida em 2016 para cidadãos nacionais e, em 2018, essa obrigação foi estendida a não residentes. Esse imposto agora é obrigatório para todos os provedores de serviços digitais do exterior. Se não for implementado, a DIAN pode ordenar que os diferentes métodos de pagamento existentes no país (cartões de crédito e débito, cartões pré-pagos e coletores de dinheiro, entre outros) retenham diretamente o IVA correspondente.
Imposto sobre serviços digitais na Costa Rica
O governo da Costa Rica também considera a importância dos desenvolvimentos tributários digitais. Recentemente, emitiu a resolução DGT-R-13-2020, de 11 de junho de 2020, que estabelece o procedimento para a cobrança do IVA referente a serviços digitais.
As empresas estrangeiras devem recolher e remeter o IVA de 13% a partir de 1º de agosto.
Assim como na Colômbia, as empresas costarriquenhas poderão declarar o imposto sobre valor agregado diretamente ou por meio de cartões de crédito.
IVA no Equador
Seguindo a tendência de desenvolver uma maneira de incluir impostos nos serviços de desenvolvimento digital na América Latina, o governo equatoriano cobra 12% de IVA sobre os serviços digitais fornecidos por empresas estrangeiras. Esse imposto será retido diretamente dos pagamentos com cartão de crédito.
Esses procedimentos são estabelecidos pela Lei de “Simplicidade e Progresso Tributário”. Ela foi implementada em 1º de julho de 2020.
Imposto digital do México em 2020
O México começou a desenvolver um imposto digital sobre serviços em 2018. Em 2020, o Congresso aprovou a lei que entrará em vigor em 1º de junho de 2020. Essencialmente, a lei estabelece a obrigação de reter 16% de IVA para serviços digitais prestados por fornecedores não residentes.
Panamá revisa sua estrutura tributária
O Panamá considera que um grande número de transações é feito por meio de plataformas digitais, e nenhum imposto está sendo cobrado atualmente sobre elas.
O Panamá ainda não implementou um imposto sobre serviços digitais, mas parece que os desenvolvimentos fiscais digitais estão a caminho. O governo está estudando a possibilidade de estabelecer impostos para serviços digitais prestados no Panamá, mas dado o sistema tributário territorial do país, é complicado impor um imposto para empresas estrangeiras sem modificar toda a estrutura tributária.
O governo do Panamá quer cumprir as recomendações da OCDE com relação à tributação de serviços digitais e precisa primeiro identificar o procedimento para estabelecê-la.
O imposto digital do Paraguai entrará em vigor em 2021
O Paraguai apresentou a lei 6.380 de 2019(Ley de Modernización y Simplificación del Sistema Tributario Nacional), na qual estabelece a obrigação de reter 10% sobre os serviços digitais prestados por empresas estrangeiras.
Além disso, o governo paraguaio também estabeleceu 15% de imposto de renda para serviços digitais fornecidos de fora do país.
Essas novas regulamentações foram definidas para entrar em vigor em 1º de julho de 2020, mas devido à situação internacional provocada pela Covid-19, a validade dessa lei foi adiada para 1º de janeiro de 2021.
Desenvolvimentos fiscais digitais do Uruguai em 2018
Em 2018, o Uruguai incluiu desenvolvimentos fiscais digitais em sua estrutura legal por meio da Lei nº 19.535.
Assim como no Paraguai, as empresas estrangeiras que prestam serviços digitais precisarão pagar imposto de renda e IVA sobre as atividades digitais. A taxa de IVA no Uruguai é de 22% e as empresas estrangeiras precisarão continuar cumprindo essas obrigações fiscais para continuar fazendo negócios no Uruguai.
Qual é a importância dos desenvolvimentos fiscais digitais na América Latina?
Dada a rápida digitalização da economia global e o constante desenvolvimento regional, o imposto digital na América Latina ganha uma posição na regulamentação da atividade comercial on-line. Mais transações são feitas por meio de plataformas, aplicativos ou redes digitais, e os países latino-americanos precisam evoluir junto com a digitalização da economia para garantir o pagamento de impostos que contribuam para o desenvolvimento de cada país.
Além disso, os empreendedores precisam considerar a evolução do mercado e da legislação ao criar uma estratégia de entrada no mercado para garantir o sucesso de uma empresa iniciante na América Latina. Entre em contato com nossos especialistas jurídicos e financeiros com uma estratégia para lidar com a tributação na América Latina.
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