A invasão russa da Ucrânia no final de fevereiro transformou-se rapidamente em uma crise humanitária, com milhares de vítimas civis no primeiro mês. O conflito também abalou as economias de ambos os países, perturbando as linhas de abastecimento de uma ampla gama de bens. Alguns dos países que enfrentam déficits são fundamentais para as exportações brasileiras, com os exportadores brasileiros dizendo que são capazes de preencher os vazios.
O Brasil é famoso por sua abundância natural, sendo o país um grande exportador tanto de bens agrícolas quanto de recursos naturais. Portanto, talvez não seja surpreendente que as principais exportações brasileiras que enfrentam o aumento da demanda sejam uma mistura de tais bens.
O Brasil é o maior país da América Latina por área e seu mais populoso, com uma nação com mais de 210 milhões de habitantes, e seu enorme tamanho lhe rendeu o apelido de “O Gigante da América do Sul”.
As oportunidades oferecidas nesta economia maciça atraem níveis significativos de investimento estrangeiro direto (IED) para o Brasil, com influxos chegando a US$ 69,2 bilhões em 2020 (todos os números em dólares) – tornando o país o quarto destino mais popular de investimento no mundo.
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O domínio geográfico do Brasil na América do Sul é destacado pelo fato de que os únicos dois países do continente que não fazem fronteira com a América do Sul são o Chile e o Equador. Enquanto isso, sua preponderância econômica pode ser vista no fato de que o PIB de 1,44 trilhão de dólares registrado pelo Brasil em 2020 foi aproximadamente igual ao PIB combinado de todas as outras nações sul-americanas.
Em termos de investimento, o país é mais famoso por seus recursos, com grandes depósitos de jóias e metais preciosos, assim como grandes reservas de petróleo. Enquanto isso, o peso de seu enorme setor agrícola cresceu nos últimos anos graças a grandes melhorias na eficiência.
De acordo com os números do USDA citados pelo Ministério da Agricultura brasileiro, entre 2000 e 2019, o Brasil teve a maior taxa de crescimento do mundo em termos de produtividade agrícola, e só ficou atrás da China quando esse período foi estendido até os anos 60.
A economia de exportação do Brasil é reforçada por seu status de membro fundador do Mercado Comum do Sul (Mercosul) – uma iniciativa de integração econômica com 30 anos que também inclui Argentina, Paraguai e Uruguai, e para a qual a Bolívia aguarda a aceitação formal como membro.
Além de facilitar o comércio tranqüilo entre seus membros, o Mercosul tem uma série de acordos de livre comércio (TLCs) em vigor com economias-chave ao redor do mundo, e o bloco está atualmente em negociações para estabelecer um TLC com a União Européia, que tem sido particularmente afetado por rupturas de linhas de abastecimento causadas pelo conflito na Ucrânia.
3 Exportações Brasileiras em alta demanda devido à crise da Ucrânia
Dependendo de como a crise da Ucrânia se desenvolve, e de quanto tempo as linhas de produção e fornecimento são interrompidas tanto lá como na Rússia, as três seguintes exportações do Brasil poderiam aumentar significativamente, se a potência sul-americana conseguir preencher parte do vazio no mercado internacional.
- Petróleo
Enquanto as reservas de petróleo do Brasil são diminuídas pelas da Venezuela, que possui as maiores reservas do mundo, o país ainda possui a segunda maior reserva de petróleo bruto entre as nações latino-americanas – incluindo mais do dobro das reservas do renomado exportador de petróleo México.
As reservas de petróleo do Brasil são administradas pela empresa petrolífera semipública Petrobras, que, de acordo com relatórios recentes da imprensa, delineou a possibilidade de substituir as exportações de energia russa para a Europa interrompidas devido ao conflito.
Com a reação negativa contra a invasão russa de seu vizinho atraindo muitos países europeus a procurarem se afastar da dependência das importações russas, esta lacuna no mercado criada pelo conflito parece provável não ser preenchida mesmo que as hostilidades terminem.
Segundo esse relatório, apenas 15% das exportações brasileiras de petróleo são destinadas à Europa, enquanto 38% vão para a China e 23% para o resto da América Latina. Com muitos países europeus cortando o fornecimento de petróleo russo ou comprometendo-se a reduzir maciçamente o consumo de gás russo, a situação oferece uma oportunidade considerável para um aumento das exportações brasileiras para a região.
- Carne
O Brasil é o segundo maior produtor mundial tanto de carne bovina quanto de frango, além de ser o quarto maior produtor de carne suína, à frente da Rússia. As mais de 10,1 milhões de toneladas métricas de carne bovina que o Brasil exportou em 2020 o tornaram o segundo maior exportador, atrás apenas dos Estados Unidos, e representaram quase 17% da oferta mundial.
Segundo Ricardo Santin, presidente do lobby da carne brasileira ABPA, a escala da indústria brasileira de carne significa que ela é capaz de preencher uma parte significativa do déficit causado pelo conflito na Ucrânia.
“A indústria está preparada para cobrir as lacunas e apoiar a segurança alimentar das nações que podem ser supridas pela provável suspensão ou diminuição das exportações de frango e carne suína da Rússia e da Ucrânia”, disse ele à Reuters.
Os produtores de carne russos e ucranianos competem com os produtores brasileiros na Ásia, Europa e Oriente Médio, e a Rússia tem aumentado significativamente suas exportações de carne nos últimos anos, particularmente para a China.
- Milho e trigo
O Brasil é um grande produtor de milho, ocupando o terceiro lugar no mundo depois apenas dos Estados Unidos e da China. Ucrânia e Rússia também estão entre os dez maiores produtores do mundo. Em termos de produção de trigo, o Brasil está significativamente abaixo da Rússia e da Ucrânia, mas ainda está entre os 20 maiores produtores.
Entretanto, para ambas as culturas, os representantes da indústria dizem que o Brasil tem visto um aumento da demanda e poderia atender mais ao déficit causado pelo conflito. Isso se deve em parte ao fato de que uma colheita recorde de trigo em 2021 viu o país exportar mais do que nunca a safra.
Para o milho, entretanto, uma demanda significativa em combinação com uma taxa de câmbio favorável incentivou os produtores a aumentar as exportações, com a escala da indústria brasileira de milho tornando-a bem colocada para preencher a lacuna causada pelas interrupções nas linhas de abastecimento na Ucrânia e na Rússia.
Com grandes dúvidas sobre a viabilidade das colheitas na Ucrânia devido ao conflito, enquanto as sanções à Rússia pressionam o fornecimento de mercadorias daquele país, o Brasil tem a capacidade de cobrir o vazio.
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